Resumo

O Cerrado é o 2º maior bioma brasileiro ocupando cerca de 21% do território nacional. O Ipê (Tabebuia spp.), árvore símbolo nacional, é nativa desse bioma. A ubiqüidade de endofíticos, e seu potencial para habitar o interior de plantas, pode levar à uma relação simbiótica. A adaptação microbiana à ação de antibióticos torna necessária a prospecção de novos e eficazes compostos bioativos. Assim, o objetivo desse trabalho foi isolar e identificar microrganismos endofíticos provenientes das espécies de Tabebuia: T. aurea (Ipê amarelo), T. impetiginosa (Ipê roxo), T. avellanedae (Ipê Rosa) e T. roseoalba (Ipê Branco) e detectar a produção de metabólitos secundários bioativos. Foram coletadas e desinfectadas (para eliminação da população epifítica) 25g de folhas das espécies de Tabebuia, seguiu-se o maceramento, diluição (5 diluições decimais) e o plaqueamento (meio Ágar ISP2). Após 15 dias de crescimento (28ºC), foram obtidas 18 colônias fenotipicamente diversas que foram isoladas com estriamento em placa. Seguiram-se análises fenotípicas e genotípicas confirmatórias. O gênero Bacillus sp. foi predominante (88% dos isolados, acima de 95% de compatibilidade) As bactérias foram também estudadas quanto a capacidade de produção de substâncias inibitórias. Os isolados foram incubados em ágar ISP2 (15 dias à 28ºC) e inativados. Em seguida foram inoculados e incubados (24h, 37ºC) os microrganismos indicadores (Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Candida albicans). Após esse período observou-se os halos de inibição. A linhagem identificada como Paenebacillum spp. destacou-se devido a capacidade de inibir todas as culturas testadas. Para Staphylococcus aureus e Escherichia coli detectaram-se halos de 2,1cm e 0,9cm, respectivamente, e de 1,2 cm contra Candida albicans. Porém, 16 dos isolados apresentaram algum antagonismo. Conclui-se que diversos microrganismos coabitam as folhas das espécies arbóreas coletadas, mesmo sendo capazes de inibir outros competidores. Observou-se também que a maioria dos isolados possui potencial antagônico contra algum dos microrganismos testados e para o Paenebacillum spp. a habilidade inibitória foi verificada em mais de um dos indicadores. Dessa maneira, o presente trabalho demonstra resultados interessantes e estudos adicionais para testar a inibição de outros patógenos e aumento desse potencial de inibição serão realizados, com a utilização de meios de cultura e condições de cultivo que favoreçam a produção de compostos bioativos. Agradecimentos a CNPq pelo apoio financeiro.